Parte 2: As Sombras de Xuanyang e o Encontro com a Elfa

O frio da noite em Xuanyang era cortante, e a névoa que cobria o cemitério parecia esconder segredos antigos. Liang Wei, agora habitando o corpo de Zhao Ming, lutava contra a fome avassaladora que pulsava em suas veias. O desejo por sangue queimava como fogo líquido, mas sua mente humana resistia, firme, determinada a não se render por completo à maldição vampírica. Foi nesse estado frágil e incerto que o perigo se aproximou.

Cinco caçadores de vampiros, enviados pela Igreja Escarlate, surgiram entre os túmulos, suas armaduras sussurrando sob a luz da lua. Cada um portava armas santificadas, lâminas e estacas banhadas em rituais de fogo sagrado, capazes de aniquilar até o mais resistente dos vampiros. Liang Wei recuou alguns passos, sua respiração pesada, mas foi nesse instante que sentiu algo diferente: uma voz silenciosa ecoando dentro de sua mente, um chamado vindo das próprias trevas.

Quando um dos caçadores fincou sua estaca no peito de um cadáver vampírico, o mundo pareceu estremecer. Com um único gesto instintivo, Liang Wei liberou o poder que Yue Ling havia selado nele. As sombras ergueram-se como ondas escuras, corpos despedaçados se reconstituíram em espectros de ossos e carne, e a noite foi rasgada por gritos de dor e lamentos. O cemitério tornou-se um campo de mortos-vivos, guerreiros caídos que voltavam à vida sob o comando do recém-desperto vampiro.

Os caçadores, tomados pelo terror, resistiram com fervor. Suas armas brilhavam em fogo sagrado, mas a maré das sombras era implacável. Liang Wei avançou com olhos incandescentes, cada movimento carregado pela energia dos mortos. Um a um, os caçadores foram dilacerados, até que apenas o silêncio e os murmúrios das almas inquietas restaram.

Mas a vitória não veio sem um preço. Cada sombra evocada sussurrava dentro dele, pedindo descanso, implorando vingança, chorando por vidas roubadas. Liang Wei compreendeu então: seu poder não era apenas um dom, mas uma maldição eterna. E mesmo assim, sabia que naquele mundo cruel, apenas com força poderia sobreviver.

Abandonando o cemitério, partiu em direção às florestas de Shenlong, lar dos últimos clãs élficos. O caminho foi repleto de emboscadas: bestas selvagens de presas envenenadas, espectros errantes e patrulhas da própria Igreja Escarlate, que parecia sentir o despertar de um poder anômalo. Ainda assim, Liang Wei avançava, cada batalha servindo para consolidar o domínio sobre suas sombras.

Nas profundezas da floresta, o destino lhe apresentou Li Mei. Uma elfa arqueira de beleza rara, cabelos verdes como folhas sob o orvalho da manhã e olhos dourados que brilhavam em fúria. Ela liderava um pequeno esquadrão élfico contra uma horda demoníaca. Flechas encantadas cortavam o ar, mas a cada demônio abatido, três surgiam em seu lugar.

Liang Wei observou de longe, hesitando. O sangue pulsava, mas junto dele vinha algo mais: a lembrança da humanidade que um dia tivera. Quando Li Mei ficou cercada, prestes a cair, ele tomou sua decisão. Da terra manchada de sangue, as sombras se ergueram outra vez. Guerreiros caídos, tanto elfos quanto demônios, tornaram-se espectros leais, mergulhando na batalha. A floresta estremeceu sob o peso do combate, até que os demônios recuaram, vencidos pelo exército dos mortos.

Quando o silêncio retornou, Li Mei virou-se, arqueando a flecha contra o coração de Liang Wei. Sua voz, cortante como aço, ecoou na noite:

Um vampiro… por que ajudaria meu povo?

Liang Wei a encarou, seu olhar firme, e respondeu sem hesitar:

Não luto por honra. Nem por sangue. Apenas… quero sobreviver neste mundo.

Houve um silêncio denso. O código élfico ditava que uma vida salva jamais poderia ser ignorada. Relutante, Li Mei abaixou o arco, seus olhos ainda desconfiados, mas com uma centelha de curiosidade. Pela primeira vez, um vampiro não agia como um monstro.

Naquela noite, acamparam sob as árvores ancestrais. Li Mei observava Liang Wei em silêncio, tentando decifrar suas intenções. E ele, pela primeira vez desde que renascera, sentiu que talvez fosse possível algo além da sobrevivência: criar laços verdadeiros em um mundo que o rejeitava.

Mas a calmaria era apenas um prenúncio. Nas sombras da floresta, caçadores de elite da Igreja Escarlate já se aproximavam. Eles sabiam que um novo poder havia despertado. E estavam prontos para exterminá-lo.

Continua na Parte 3…

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