Resenha: Eu não sou robô (I’m Not a Robot)

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Nada melhor do que encontrar uma série cujos personagens te cativam, a ponto de “entrar na trama” e se afeiçoar aos personagens, sentindo até falta deles quando tudo acaba. É isso que acontece com I’m Not a Robot (Eu não sou robô), dorama de 2018 que mistura ficção científica, romance, comédia e drama de forma magistral.

A premissa simples de um homem se apaixonando por uma robô em forma feminina foge completamente do clichê ao trazer um protagonista que não é apenas mais um herdeiro rico, bonito, e mimado – muito pelo contrário. Kim Min Kyu, interpretado brilhantemente por Yoo Seung Ho (Meu Estranho Herói) carrega camadas e traumas que por si só já seriam o suficiente – perder os pais em um acidente ainda criança. Além da perda precoce, Kim Min Kyu precisa ainda no funeral dos pais lidar com a traição da pessoa que deveria o acolher como família, uma dor tão grande que foi capaz de desenvolver nele nada mais, nada menos do que uma gravíssima alergia a seres humanos.

Após a morte precoce de seus pais e o início da doença que põe sua vida em risco o tempo todo, Kim Min Kyu vive completamente recluso em sua mansão, até o momento em que é abordado por um grupo de cientistas que, a fim de conseguir investimento direto dele, lhe apresentam Aji 3, uma robô extremamente inteligente e com capacidades incríveis, além da forma perfeita de uma mulher. É através dessa robô que vem a ligação do rapaz com a protagonista feminina da história, a determinada Jo Jih Ah (Chae Soo-bin – Quando o telefone toca).

Kim E Jih Ah já haviam se conhecido anteriormente e tido antipatia a primeira vista, porém sem que o rosto dela fosse visto por ele. E as histórias se misturam quando a Aji3, a robô original que seria mandada a Kim para testes, quebra em um acidente no laboratório. Acontece que Hong Baek-kyun (Um Ki-joon – A Cobertura) criador de Aji3, foi namorado de Jih Ah no passado e fez sua robô inspirado na aparência e nos trejeitos e características da ex. Desesperado para não perder o investimento prometido por Kim, Hong Baek-kyun convence Jih Ah em troca de dinheiro (que ela precisava bastante no momento) a se passar por Aji3 no teste na casa de Kim.

A situação obviamente logo foge do controle quando Jih Ah – que também é inventora e empreendedora e contava que o período na casa de Kim poderiam ajudá-la a convencê-lo de alguma maneira a retomar a feira de empreendedorismo que havia sido iniciada e cancelada por sua empresa – acaba ficando mais tempo do que o esperado na casa do rapaz. O suficiente não só para criar laços, mas para conquistar dele uma confiança que até mesmo cura sua rara alergia a seres humanos. Kim toca “Aji3” achando que está interagindo com uma robô, sem desconfiar que aquela moça é simplesmente uma humana que não lhe causa reações alérgicas.

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É preciso destacar aqui que o dorama é extremamente dinâmico e fluido, com o tempo de tela usado de forma excelente. O casal central exala química de forma doce, sem precisar apelar para cenas ousadas ou fan services desnecessários – algo raro. Mesmo nas cenas de alívio cômico os dois não perdem a sintonia, e as cenas de comédia não apelam em nenhum momento para um pastelão exagerado – como, aliás, qualquer cena desse dorama. Em Eu não sou robô, todas as cenas são necessárias e perfeitamente dentro do contexto, e mesmo os momentos de outros personagens não roubam mais tempo de tela do que o necessário.

Com o tempo de tela muito bem empregado, sobra tempo para dar aos protagonistas um ótimo desenvolvimento, e aos atores o espaço para mostrar seu inegável talento, em especial o excelente Yoo Seung H. A maneira como seu Kim Min Kyu vai do herdeiro arrogante e egoísta a um rapaz isolado e com sérios problemas de saúde fisíca e mental, e explode e ao mesmo tempo floresce ao se apaixonar loucamente por uma robô, dá aos espectadores a mesma sensação de afeição e acolhimento que surge nos demais personagens em relação a ele. Em dado momento, com ele sendo enganado por todos e completamente inocente e única vítima da situação, até mesmo eu sentia remorso, como se estivesse enganando ele também. 🤡

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Chae Soo-bin é formidável ao fazer não duas, mas na verdade três interpretações diferentes: A protagonista Jih Ah, a robô Aji3, e Jih Ah se passando por Aji3, e faz isso de forma magistral. A sutileza de detalhes em cada interpretação e naturalidade com que ela transita entre as três versões fazem com que seja fácil esquecer que se trata de apenas uma atriz ali. E sua ótima dobradinha com Yoo Seung H entrega já na primeira cena, prende atenção e diverte nas interações do protagonista com a suposta robô, mas explode mesmo é no arco final, quando a farsa é descoberta e os momentos dos dois juntos viram literalmente questão de vida ou morte. Vemos um homem com o coração partido em mil pedaços e uma mulher desesperada não só para salvar a vida do seu amor, mas também para consertar o coração dele. A dor de Jih Ah por ferir o homem que ama e a ânsia em mostrar que nunca quis machucá-lo transparecem na tela. Você sabe que Kim tem razão e que Jih Ah cometeu um erro terrível, mas você quer que ele a escute e perdoe, e esse mérito é todo do talento e da química dos dois protagonistas.

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Um Ki-joon também está ótimo como Hong Baek-kyun, outro personagem com muitas camadas, que começa egoísta e até com uma pegada stalker, mas surpreende ao mostrar ao longo da história que é uma pessoa muito melhor do que parecia no primeiro momento. Os outros membros da equipe de cientistas também são carismáticos e com personalidade própria, assim como Sun Hye (Lee Min Ji – Farming Academy) e família de Jih Ah.

Sem muita enrolação, os conflitos vão se resolvendo e o público consegue apreciar um bom tempo de tela dos protagonistas já como namorados enquanto as demais e não menos importantes tramas de Kim Min Kyu se desenrolam e se resolvem. O final é fechado, sem ganchos soltos, mas com uma história que daria margem para novas temporadas, se julgado necessário. Mas fiquem com esses deliciosos 16 capítulos, que tem a dose exata de reflexão e entretenimento, para todas as idades.

Imagem do topo: Tudo Celular

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