Resenha: Tetralogia “A Amiga Genial”, de Elena Ferrante

O livro A Amiga Genial, o primeiro dessa série italiana, apareceu quase por acaso na minha timeline, em um story de uma ifluenciadora não tão grande que ocasionalmente acompanho. Somando os elogios que a moça fez ao livro e minha busca sempre obsessiva por títulos novos, o romance entrou na minha lista e não tardou a chegar em casa, assim como suas três sequências. E foi assim que Elena Greco e Raffaella Cerullo entraram na minha vida.

O primeiro livro é o que dá título à série, A Amiga Genial, nos apresenta as duas protagonistas: Elena “Lenu” Greco, a narradora desse e dos demais títulos, e sua melhor amiga Raffaella “Lila/Lina” Cerullo, que embora seja como uma segunda protagonista, tem revelância sobre a história e sobre Lenu o suficiente para se tornar a principal em boas partes dos momentos. Percebemos já em A Amiga Genial o quanto o comportamento e as escolhas e decisões de Lenu giram em torno de Lila,e já na infância e adolescência das duas percebemos que são muito inteligentes, mas com uma diferença crucial entre si: enquanto a inteligência de Lenu vem de seu esforço e dedicação exaustiva em estudar, Lila é uma inteligência inculta, rebelde e totalmente natural, que não recebe apoio e não tem a mesma determinação da amiga, mas basta ter um livro na mão para dominar qualquer assunto de que se proponha a falar.

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As personalidades de Lenu e Lila são distintas. Enquanto Lenu tem uma natureza tímida e insegura, que a deixa muitas vezes acuada, Lila é expansiva e sem meias palavras – mas não pense aqui nos clichês da tímida x a miss simpatia. A personalidade de Lila não é esfusiante, mas sim sombria, e sua inquietude e certeza do que diz vem não de autoconfiança, mas sim da agressividade forjada no ambiente hostil onde vive. Mesmo enquanto criança já percebemos em Lila até mesmo uma certa maldade. E como ela mesma diz em meados do terceiro livro: “Temos um acordo: a cruel sou eu.” As duas personagens são de família pobre e moram em um bairro periférico de Nápoles, e quando estão saindo do ensino fundamental, são incentivadas por uma professora a continuarem os estudos, mas apenas Lenu tem o apoio da família. Assim, com ajuda inclusive material da prossora, que chega a dar livros a ela, Lenu consegue terminar o ensino médio e cursar a Universidade, enquanto Lila desperta a paixão de Stefano Sarratore e se casa com o abastado rapaz, a fim de ajudar no sustento da família.

É no segundo livro, História do Novo Sobrenome, que vemos o desenrolar dos acontecimentos a partir do casamento abusivo de Lila enquanto Lenu descobre o mundo através dos estudos. E é interessante ver como nenhuma das duas personagens é realmente feliz. Lenu, apesar de ser diferente das outras moças do bairro e da própria família, algo que sempre almejou, segue se colocando à sombra de Lila, que está casada com um homem rico e, segundo pensamentos da própria Lenu, é mais bonita e mais inteligente do que ela. Lila, por outro lado, é uma personagem fascinante e sabe usar da própria influência (e do marido), mas não consegue abandonar sua natureza ávida por conhecimento, o que fica bem claro em seu prazer pela leitura e, um pouco mais tarde, em seu empenho em estimular seu filho, Genaro. Lila, desgostada da vida, parece se conformar com o próprio destino e ao mesmo tempo não conseguir esconder a dor por ficar para trás enquanto a melhor amiga tem a vida que ela no fundo desejava; Lenu, por outro lado, conseguiu tudo o que queria, mas parece nunca dar real valor a isso, deixando que sua vida gire sempre em torno de Lila.

É ainda no segundo livro que acontece um ponto de virada na história das duas, com o envolvimento de Lila com Nino, paixão de infância não correspondida de Lenu. E nos próximos dois livros vemos o crescimento delas como adultas, como seres humanos, com seus erros e acertos. Com Lila escolhendo uma vida difícil a fim de se ver livre de um casamento violento, e Lenu seguindo em frente e se tornando esposa, mãe e uma escritora de sucesso. E a relação das duas é complexa e fascinante. Elas se afastam muitas vezes, para depois se reaproximarem e seguirem juntas como se nada nunca tivesse acontecido. E elas são definitivamente tóxicas uma com a outra, seja com palavras veladas ou com atitudes simples. Lila é má, e conserva essa malícia até mesmo quando não há mais razão de usá-la; Lenu é invejosa e permanece invejosa até o fim, mesmo que pareça (e seja) absurdo.

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Ler A Amiga Genial, História do Novo Sobrenome, História de Quem Foge e de Quem Fica e História da Menina Perdida é adentrar a vida de dois seres humanos e tudo que os rodeia, de duas mulheres normais, que trazem indentificação e despertam empatia e raiva na mesma medida. É concordar que Lila é cruel e egoísta desde a infância, e ao mesmo tempo reconhecer e se comover com a dor que a personagem sofre em todos os livros, sendo a pior delas no último. É ver com os altos e baixos das duas em diferentes momentos que na vida absolutamente tudo é passageiro, seja bom ou seja ruim. É entender que Lenu é tão egoísta quanto Lila ou até mais, mas que a coragem dela é inegável. E é acabar com os livros e sentir vazio e angústia, com um final que parece não ser um fim de uma saga, porquê no final das contas não é. É apenas a vida exatamente como ela é – sem justiça, sem respostas, sem sentido.

Imagem: TV Cultur UOL

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